O corrimento vaginal é uma das razões mais frequentes que levam mulheres a consultarem o ginecologista. Em muitos casos, ele é uma condição normal e saudável, mas algumas características podem ser sinal de infecção.

Uma das causas mais comuns de infecção vaginal é a candidíase, mas existem outras infecções que podem gerar sintomas semelhantes.
A Médica Especialista em Saúde Ginecológica
A Dra. Marina Empinotti é ginecologista especializada em oferecer cuidados de alta qualidade para a saúde ginecológica. Atua no Hospital de Clínicas do Paraná e é preceptora da residência do Hospital de Clínicas, onde acompanha casos complexos e de alto risco.
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O Que é Corrimento Vaginal e Quando Ele é Normal?
O corrimento vaginal é uma secreção natural, produzida pelas glândulas da vagina e do colo do útero, que ajuda a manter a região íntima lubrificada e protegida contra infecções.
A quantidade, a cor e a textura do corrimento podem variar conforme o ciclo menstrual e, em muitos casos, essas variações são normais. Geralmente, o corrimento fisiológico é claro ou esbranquiçado, sem odor e não causa sintomas como coceira ou dor.
Quando o Corrimento Pode Ser Sinal de Infecção?
Alterações no corrimento, como cheiro forte, mudanças na coloração para amarelo, verde ou acinzentado, e a presença de sintomas como coceira, ardência ou desconforto durante a relação sexual, podem indicar infecções vaginais. As infecções mais comuns associadas ao corrimento anormal são:
- Candidíase Vulvovaginal: Causada por fungos, principalmente a Candida albicans, responsável por 80-90% dos casos.
- Vaginose Bacteriana: Causada por um desequilíbrio na flora vaginal, com aumento de bactérias anaeróbicas.
- Tricomoníase: Uma infecção sexualmente transmissível causada por um protozoário.
Candidíase Vulvovaginal: A Infecção Vaginal Mais Frequente
A candidíase vulvovaginal é uma infecção fúngica causada principalmente pela Candida albicans, mas pode ser causada por outros agentes do gênero Candida. Esses fungos fazem parte da microbiota natural da vagina, mas podem causar problemas quando se multiplicam excessivamente.
Principais Sintomas da Candidíase
- Corrimento vaginal espesso e esbranquiçado, similar a “leite coalhado”.
- Coceira intensa na região vaginal e vulvar.
- Vermelhidão e irritação.
- Ardência ao urinar e desconforto durante as relações sexuais.
Fatores que Contribuem para a Candidíase
- Uso de antibióticos que alteram a flora vaginal.
- Alterações hormonais, como durante a gravidez.
- Diabetes e uso de contraceptivos hormonais.
- Roupas apertadas e materiais que não permitem a ventilação adequada.
Como é Feito o Diagnóstico de Candidíase?
O exame ginecológico é fundamental para o diagnóstico de candidíase. Por meio do exame especular é possível observar alterações como:
- Hiperemia vulvovaginal;
- Edema;
- Fissuras;
- Escoriações;
- pH vaginal abaixo de 4,5;
- Características do conteúdo vaginal: secreção grumosa ou fluída, branca ou amarelada, que pode estar aderida às paredes vaginais.
O exame a fresco do conteúdo vaginal com solução de hidróxido de potássio e a bacterioscopia ou cultura em meio específico confirmam a presença do fungo.
Candidíase Recorrente: O Que Fazer?
Candidíase recorrente é definida por 4 ou mais episódios de candidíase (confirmada clinicamente) no período de um ano.
Para mulheres que enfrentam episódios repetidos de candidíase, a adoção de medidas preventivas e o uso de probióticos podem auxiliar no equilíbrio da flora vaginal e na prevenção de novas infecções, além do tratamento medicamentoso que deve ser prescrito pelo ginecologista.
Vaginose Bacteriana: Sintomas e Causas
A vaginose bacteriana ocorre devido a um desequilíbrio na flora bacteriana vaginal, com aumento das bactérias anaeróbias e redução dos lactobacilos.
As espécies mais frequentemente relacionadas à vaginose são a Gardnerella, Atopobium, Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia, Bi¬fidobacterium, Dialister, Clostridium e Mycoplasmas.
Sintomas da Vaginose Bacteriana
- Corrimento fino, acinzentado ou esbranquiçado.
- Odor forte e desagradável, especialmente após as relações sexuais, descrito como “cheiro de peixe”.
Fatores de Risco para Vaginose
Embora não seja considerada uma infecção sexualmente transmissível, a vaginose bacteriana é mais comum em mulheres com múltiplos parceiros sexuais ou que compartilham brinquedos sexuais. O uso de duchas vaginais também é um fator de risco, por causar desequilíbrio da flora normal.
Diagnóstico de Vaginose Bacteriana
O diagnóstico da vaginose bacteriana é realizado pelos critérios de Amsel ou de Nugent.
Critérios de Amsel – três dos quatro itens.
- Corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo aderente às paredes vaginais
- Medida do pH vaginal maior do que 4,5
- Teste das aminas (whiff test) positivo
- Presença de “Clue Cells”
Escore de Nugent – avaliação de elementos na bacterioscopia do conteúdo vaginal:
- Escore de 0 a 3 – padrão normal
- Escore de 4 a 6 – flora vaginal intermediária
- Escore de 7 a 10 – vaginose bacteriana
Tricomoníase: Uma Infecção Sexualmente Transmissível
A tricomoníase é uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, transmitida por contato sexual. É comum e pode afetar tanto homens quanto mulheres, embora os sintomas geralmente sejam mais intensos nas mulheres.
Sintomas da Tricomoníase
- Corrimento amarelado ou esverdeado, espumoso e com odor desagradável.
- Coceira e ardência vaginal.
- Desconforto durante a relação sexual e ao urinar.
Fatores de Risco para Tricomoníase
Por ser uma infecção sexualmente transmissível, o risco de tricomoníase aumenta com o número de parceiros sexuais e pode ser prevenida com o uso de preservativos.
Diagnóstico da Tricomoníase
Na avaliação em casos de tricomoníase, podemos observar:
- Hiperemia dos genitais externos e internos
- Colo uterino com aspecto de morango
- Aumento do conteúdo vaginal de coloração amarelada ou amarelo -esverdeada pequenas bolhas no conteúdo vaginal.
- pH vaginal encontra-se acima de 4,5
- Teste das aminas (Whiff-test) pode ser positivo devido à presença de germes anaeróbios associados à vaginose bacteriana
Como Diferenciar as Infecções Vaginais?
O diagnóstico preciso de cada infecção é fundamental para o tratamento adequado. Na candidíase, o corrimento é espesso, esbranquiçado e inodoro, enquanto na vaginose bacteriana o corrimento é mais fino, acinzentado e possui odor desagradável. Já a tricomoníase causa um corrimento amarelado ou esverdeado e espumoso.
Apesar das características do corrimento fornecerem informações relevantes, para diagnosticar a candidíase e outras infecções vulvovaginais, o ginecologista deve realizar um exame clínico e é possível coletar uma amostra do corrimento para análise microscópica, confirmando a presença de fungos, bactérias ou protozoários.
Tratamento das Infecções Vaginais
O tratamento da candidíase, vaginose bacteriana e tricomoníase deve ser orientado por um ginecologista, pois cada infecção requer uma abordagem diferente. O acompanhamento médico é importante para garantir que o tratamento seja eficaz e evitar recorrências. Em caso de sintomas persistentes, é essencial retornar ao consultório para uma nova avaliação.
Prevenção e Cuidados Diários para Evitar Infecções
A prevenção das infecções vaginais envolve hábitos simples, mas eficazes, que ajudam a manter a flora vaginal equilibrada. Algumas recomendações incluem:
1. Higiene Íntima Correta – Evite o uso de sabonetes perfumados e duchas vaginais, que podem desequilibrar a flora.
2. Roupas Adequadas – Prefira roupas íntimas de algodão e evite calças muito apertadas que impeçam a ventilação.
3. Alimentação Balanceada – Manter uma dieta equilibrada pode fortalecer o sistema imunológico.
4. Evite o Uso Indiscriminado de Antibióticos – Eles podem eliminar bactérias boas e facilitar a proliferação de fungos como a Candida.
5. Utilize Preservativos – são a única forma de evitar infecções transmissíveis por contato sexual.
Outras Causas de Corrimento Vaginal
• Vaginite Atrófica: Em situações de hipoestrogenismo, como menopausa e lactação. Presença de secreção aquosa branca ou amarelada, odor, irritação vaginal, associada a perda da rugosidade da mucosa vaginal.
• Vaginose Citolítica: Causada pela hiperacidez vaginal pelo aumento de lactobacilos. Caracterizada por coceira, dor durante a relação, ardência para urinar e aumento dos sintomas durante a segunda metade do ciclo menstrual.
• Vaginite Inflamatória Descamativa: Ocorre geralmente em mulheres na perimenopausa. Cursa com corrimento purulento, irritação e vermelhidão vulvar, dor na relação.
Conhecer os sintomas de cada uma das infecções genitais e buscar o diagnóstico precoce com um ginecologista são passos fundamentais para manter a saúde íntima. Além disso, seguir práticas de prevenção e cuidados diários ajuda a proteger a flora vaginal e a evitar infecções. Se notar qualquer alteração, não hesite em buscar orientação profissional.
Fonte: Texto escrito com base em conhecimentos adquiridos durante a formação e prática médica. As informações aqui oferecidas não substituem avaliação médica individualizada.
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